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YOGA E NEGRITUDE

Com a cor e além da cor

CORPOS NEGROS, VIBRANTES E YOGIS

por Prakash Sangeet Kaur

 

A cor da minha pele não limita a vibração do meu espírito. Espírito livre e consciente. Consciência fortificada pelos ensinamentos do Kundalini Yoga que me aproxima cada vez mais do meu ser autêntico, que me leva a enxergar minha ancestralidade sem dor, sem medo. Ancestralidade marcada, mas nunca apagada. Esse ensaio fotográfico, realizado para o projeto Yoga e Negritude, nos ajuda a enxergar em uma outra esfera, a perceber que nossos corpos são livres e transitáveis em todos os lugares e em todas as práticas de autoconhecimento. Nossa imagem, nossa vibração e nosso vigor refletido nessa imagem nos desperta para um processo de valorização e de reconhecimento dos lugares que nos pertencem. Nossa cor pertence a todos os lugares e a todos os olhares. É um reconhecimento que nos atravessa da forma mais pura que existe.

 

Veja mais fotos em https://www.flickr.com/photos/yogaenegritude/

Identidade e projeção

por Devaroop Kaur

“Eu sou vós”. Yogi Bhajan

O projeto “Yoga e Negritude” busca contribuir com a construção de um imaginário coletivo em que pessoas de todas as cores, raças e etnias possam se perceber como parte de um enlace maior, no qual identidades infinitas fazem pequenos pousos em identidades finitas, em contextos complexos e múltiplos, tanto culturais quanto sociais. Reconhecer e experienciar esse pouso furtivo é também reconhecer a importância de afirmarmo-nos em nossas identidades histórico-sociais finitas para, a partir dela, alcançar e projetar nossas identidades infinitas.

Guiados pela luz do verdadeiro professor, somos inspirados e queremos inspirar a todos a viver na unidade divina. Queremos suscitar um olhar e um viver que se projete, a todo momento, como uma presença não fragmentada. Podemos viver e projetar nossas cores, quaisquer que sejam elas, na benção da diversidade. Não com o peso de uma marca histórico-social, mas na potência da multiplicidade que somos. Esse projeto acredita que é possível estar na própria pele e além da própria pele. Acredita que cada pessoa possa viver conforme sua identidade infinita.

 

Nossa proposta de ensaio fotográfico introduz a presença das pessoas negras no contexto da prática de yoga para que possam ser associados à beleza, força criativa, vigor, liberdade, amor, honestidade e autenticidade.

 

O projeto se enraiza na constatação histórica de que o racismo e as desigualdades raciais não são problemas que envolvem unicamente a população afrodescendente. Compreende-se que a raça não é uma característica biológica de classificação diferencial entre nós, uma vez que pertencemos todos à raça humana. Dessa forma, as classificações de raças existentes referem-se a uma série de construções, produções e reproduções de subjetividades sociais, que surgem como efeito de fatores históricos variados, como, por exemplo, a colonização e a escravidão. Processos como esses marcaram uma ruptura racial entre nós, que elaborou o “ser negro/a” como uma condição desvalorizada, depreciada e, muitas vezes, negadas. Ao passo que o “ser branco/a” surge, nesse contexto, como o padrão, a normalidade, o ideal a ser alcançado e imitado.

 

O racismo é a forma mais explícita desta ruptura social que separa seres humanos segundo categorias de cor, carregadas de juízo de valor. Para as pessoas de corpos negros, a sociabilidade chega com a negação de sua história, de sua fé e de seus modos de vida. Trata-se de uma negação que possui muitas formas de transmissão, e cujo impacto despotencializa o que há de mais vital e conectivo para a excelência de uma vida coletiva onde caibamos todas e todos: nosso auto-amor, auto-apreço e autocuidado. Por anos, os corpos negros foram marcados e se perceberam como indignos de amor e, sobretudo, de auto-amor.


E é nessa realidade, na dança de polaridades, que somos chamados a servir. ​

Wahe Guru Ji Ka Khalsa, Wahe Guru Ji Ki Fateh
Sat Nam

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Fotografias Bernard Machado e Hardass Kaur

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