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Tá na hora de olhar para o próprio umbigo

Por Sat Meher Singh


A ação de “olhar para o próprio umbigo” existe no imaginário popular para denotar as pessoas que só pensam em si e se colocam como o centro do mundo. Mas, como em tempos confusos precisamos estar um passo à frente do óbvio, essa frase pode ganhar um novo contorno.


Biologicamente, o umbigo é poético. Quando um bebê está no ventre de sua mãe, ele se nutre (em todos os sentidos) por um cordão que lhe permite se conectar com a placenta. Ao nascer, o cordão é cortado e nos resta uma cicatriz no meio da barriga. Essa marca nos dá a oportunidade de sempre nos lembrar (ou de nunca nos esquecer) que a vida depende de pontes.


Você que está lendo este texto pode fazer isto agora, sem culpa: olhar para o próprio umbigo ou apalpá-lo, e buscar pela sensação de pertencer, ela há de estar aí. Afinal, a minha, a sua, a nossa existência já dependeu de uma única ponte que nos ligava a tudo, porque, na verdade, sequer havia separação.


Yogicamente, o umbigo é potência. Chamado como plexo solar, esse é o ponto de partida do Yoga. Uma história hindu ilustra bem isso. Ao ser perguntado por seu aluno sobre o quão longe deveria ser a viagem para encontrar a iluminação, o mestre respondeu: “você deve viajar a distância entre o dedo mínimo e o polegar. Veja onde estará seu polegar, se você colocar a mão aberta sobre seu estômago e o dedo mínimo em seu umbigo. Este é o caminho místico que conscientemente deve se ascender.” O ponto do umbigo é um centro de transformação da energia no corpo.


Olhar para o próprio umbigo com essa magnitude é um gesto altivo de (re)unificação. Olhar para o próprio umbigo é se conectar com a pureza de existir e, a partir desse ponto, estender pontes com tudo e com todos. Olhar para o próprio umbigo nos dá a chance de colher respostas para perguntas que não estão sendo desafiadas. E, olha, talvez até o óbvio se surpreenderá quando olhar para o próprio umbigo.

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