[GSK] Vendo você por dentro
(serie sobre Anand Sahib, o Shabd da Alma, dos arquivos do Sikhnet)
por Gurusangat Kaur Khalsa
Antes de olhar profundamente para as lições da alma relatadas no Anand Sahib, gostaria de definir Anand. Anand nos dicionários muitas vezes fica descrito como alegria, prazer e bem-aventurança. Mas alguém que usa drogas pode se sentir também "em êxtase." Não faz muito sentido, então, entender Anand simplesmente como uma emoção. Anand indica um tipo muito particular de bem-aventurança.
Meu entendimento sobre o que significa "Anand" tem crescido ao longo do tempo. O Siri Singh Sahib Bhai Sahib Singh Khalsa Harbhajan Yogi ji, em uma palestra de janeiro de 1988, descreveu o estado e psicologia de Anand. Esta palestra influenciou profundamente o meu entendimento do Anand Sahib. Ele dizia que "Muita gente acha que se praticarmos boas ações estaremos em êxtase. Muitos dizem que se nós trabalhamos duro estaremos em êxtase. Mas fazer isso e aquilo nunca vai funcionar para alcançar o êxtase. Mas, sem desequilíbrio em sua vida, ou na vida de alguém, nunca haverá infelicidade. Porque sem equilíbrio não há harmonia e sem harmonia não há alegria. É uma lei simples.
Por que queremos o Guru? O Guru é uma sabedoria simples muito consolidada, que pode manter a nossa cabeça em equilíbrio. Por isso, quando chegamos ao Gurdwara, nos curvamos ao Guru. Nós colocamos nossa cabeça para baixo. Nós damos ao Guru uma oferenda. Este é um gesto nosso para que as coisas não subam em nossa cabeça de modo incorreto. Você não tem nenhum inimigo. Seu inimigo é a sua própria mente. Quando sua mente o controla, o chama e o leva ao seu modo, você estará a deriva. A mente precisa de meditação e a mente precisa de instruções e ela escuta a palavra do Guru. Nós fazemos as coisas para agradar aos outros. Virá o dia em que faremos as coisas que nos agradam? E quem é este eu? O auto-apaixonado ou o auto-compassivo? A pessoa tem que tomar medidas para ver a sua própria alma dentro de seu próprio ser. Esse é o propósito da vida. E isso é Anand. Nada vai funcionar, exceto o seu próprio trabalho. Trabalhar para ver sua própria alma. Estabelecer amizade com sua própria alma. Anand não está em ter muito dinheiro. Tampouco significa muito poder. Também não é muita beleza e nem muita destruição. Não haverá nenhuma alegria em nada, exceto em ver sua própria alma dentro de seu próprio ser, com seu olhar interior".
Anand descreve a experiência que temos quando a relação entre a mente e a alma entram em equilíbrio através da palavra do Professor Divino, do Shabd, do Som Primal. O propósito da vida é ver o Divino. Mas o Divino em sua vasta totalidade é muito grande para que a mente possa alcançá-lo. O que a mente pode fazer é penetrar no interior e ver a sua própria alma. Reconhecer sua própria Luz Divina. Quando a mente está vendo seu verdadeiro eu e obedecendo à sua verdadeira natureza, encontramos a verdadeira bem-aventurança. Cada outra bem-aventurança – sexo, comida, drogas, álcool, realizações momentâneas – cria uma um estado de êxtase apenas temporário. A felicidade duradoura vem quando a mente é treinada para se relacionar com sua própria alma a cada dia, a cada passo do caminho. Então pouco importa se você é um mendigo ou um rei: A felicidade estará garantida.
Enquanto passamos por cada Pauree do Anand Sahib, veremos que Guru Amar Das fala à mente, ao corpo e aos sentidos de uma forma muito particular. À medida em que envelhecemos, novos problemas surgem. Novas preocupações desafiam a mente para puxá-lo para longe da sua luz própria. Por isso precisamos treinar continuamente nossas faculdades mentais para ficarmos ancorados na nossa própria Luz, para que cada ação nossa encarne a realidade de nossa alma. A melhor definição para “Anand Sahib” seria: "Um estado de consciência em que cada ação reflete a realidade da alma" ou "A consciência de viver cada respiração em sintonia com a realidade do Espírito."
Na próxima semana falaremos do segundo Pauri do Anand Sahib. O Primeiro Pauri já foi publicado nesta coluna.
Wahe Guru.
Belo Horizonte, 28 de Agosto de 2014.
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