[GSK] Tornando-se intuitivo
Aula ministrada por Gurusangat Kaur Khalsa em 07 de julho de 2018.
[GSK abre a aula]
Nós vamos fazer uma aula hoje que chama “Tornando-se Intuitivo”. O tema da intuição é um tema instigante demais. Acredito que vocês já tenham feito uma transição da intuição como algo meio místico, não quero usar a palavra “místico”.
[Aluna] Adivinhação?
[GSK] Obrigada. Não era exatamente essa palavra mas ela serve. Não existe nada mais místico do que estar vivo. A vida em si já é um fenômeno inexplicável. Mas quanto à intuição, vocês já têm elementos para que ela não seja colocada mais num pasquim adivinhatório e possa ser vista como um tipo de inteligência. Mas me pergunto se vocês sabem exatamente por que que dizemos que a intuição é um tipo de inteligência. Vocês sabem ou vocês só reproduzem isso?
Comentei com vocês algumas aulas atrás que ninguém duvida que animal vibra na sua inteligência instintiva. E com certeza, vocês sabem explicar mal isso, mas vocês têm certeza que sabem, porque isso entrou no nosso chamado inconsciente coletivo. Se vocês falarem para uma pessoa que nunca sentou num banco de escola que o animal tem uma resposta instintiva à vida, essa pessoa não vai discutir, ela sabe o que é isso. Mesmo que essa pessoa não saiba explicar, ela sabe compreender. Esse tipo de compreensão que não passa pelo crivo do intelecto é chamado de conhecimento coletivo. Você não precisa pensar muito, não precisa usar sua cognição. Então, todo mundo sabe que um animal tem uma inteligência instintiva. E é claro que se quisermos saber de onde vem essa inteligência vocês saberão porque vocês são professores de Kundalini Yoga; isso vem do sistema límbico, que é a nossa reação de defesa instintiva. Então, quando digo para vocês que o ser humano tem uma inteligência que é intuitiva, curiosamente isso não é ainda um conhecimento geral e irrestrito das pessoas. Não se tornou ainda conhecimento coletivo. Portanto, não está no tal danado do inconsciente coletivo. Ainda não está. Ainda temos que explicar. Depende de nós espalharmos isso. Vocês compreendem esse paralelo? Não deveria haver dúvida para nós dizermos, ou compreendermos, que a intuição é um tipo muito especial de inteligência. Não é inteligência animal que viria do sistema límbico. Ela vem de um outro lugar. De onde que ela vem?
[Alunos] Do corpo radiante.
[GSK] É, o corpo radiante tem uma grande inteligência. Mas se tivéssemos que falar para quem não é do Kundalini Yoga, como falaríamos?
[Aluna] Vem do córtex.
[GSK] Vem do córtex. Vem de uma região altamente elaborada do nosso sistema nervoso. Mas é aí que quero chegar. É aí que eu quero fazer a ponte. O córtex e a região límbica juntas criam uma ponte que não é localizada. Tem a ver com o corpo radiante. Tem a ver com outras coisas. E essa ponte, esse localizado, o território concreto e o território abstrato ou o território energético é que eu quero falar hoje para vocês. Entenderam isso? A intuição tem um componente que é a ignição da intuição, que é localizada, mas ela recebe uma influência muito grande de corpos que não tem peso material, como o corpo radiante. Não tem um peso material. Essa aula de hoje é toda para ativar a hipófise, que é muito territorial. A hipófise tem uma jurisdição. Ela existe em um lugar. Vocês nunca mais devem se esquecer disso porque é bonito demais: a hipófise ela é aquele nosso registro do nosso território físico. Ela tem um comando sobre a nossa identidade física. Mas ela não tem um comando sobre a nossa identidade universal, espiritual. Na nossa identidade física, existe um tipo de inteligência. Qual é a inteligência?
[Alunos] Instintiva.
[GSK] A nossa identidade física trabalha sob o efeito de uma inteligência instintiva. Até que se desenvolva a nossa inteligência intuitiva, que vem de outra glândula, a pineal, que controla a nossa identidade não física. Como? Isso tem uma explicação. Há dez anos, um psiquiatra muito, muito louco resolveu fazer experimentos com drogas que estão presentes no ayahuasca. No chá. E descobriu que o ayahuasca tinha um efeito no nosso corpo justamente onde? Na pineal. E fazia com que a pineal começasse a secretar um determinado tipo de substância que ele chamou de molécula espiritual. E essa molécula espiritual fazia com que a gente perdesse a nossa fronteira física e expandisse uma fronteira da nossa identidade que é não física. E que nessa fronteira não física desenvolvemos um tipo muito forte de intuição. Ele percebeu: “olha, realmente isso acontece, deixa eu ver se a pineal pode, sob determinadas condições, produzir isso sem que tenhamos que estimula-la quimicamente com substâncias fora do corpo". E, pimba, ele descobriu que sim. Que a pineal sob determinadas condições produzia as mesmas substâncias, que nós no kundalini Yoga chamamos de? Amrit!
[Alunos] É o DMT?
[GSK] Sim. É o DMT.
[Alunos] que também é uma substância liberada na morte, né?
[GSK] e no nascimento. Ela é muito liberada quando nascemos e quando morremos. Muito.
[Aluna] Ele está circulante, né? A gente não acessa ele na verdade.
[GSK] Por isso que, quando acessamos o DMT no Kundalini Yoga, isso acontece quando estimulamos a pineal através do trabalho da hipófise. A hipófise não é o assento da intuição, mas a aula de hoje inteira é para a hipófise Porque quando a hipófise é acionada sem que ela tenha que lidar com a nossa sobrevivência, ou seja, fora da demanda instintiva, ela produz um tipo de frequência eletromagnética, que, digamos assim, contagia a pineal e a pineal começa a produzir essa substância que chamamos no Kundalini Yoga de amrit, que é o DMT, que é a substância que ele chama de molécula espiritual. Que é quando, então, expandimos o corpo radiante enormemente e da expansão do corpo radiante acessamos um tipo de campo onde, ao contrário do nosso instinto que pode cuidar de nós, num raio, num perímetro de metros, a nossa intuição pode cuidar de nós em um perímetro em um raio de dias. No Kundalini Yoga, estimulamos demais a produção dessa substância.
Ficou claro? A gente vai ter a inteligência herdada dos animais até que a gente estimule a nossa intuição, que não é algo não inexplicável. Para podermos ativar o nosso shushumana para essa aula vamos fazer um pequeno aquecimento.
Kriya “Tornando-se intuitivo”, do Manual Reaching Me in Me
[GSK] Só existe uma maneira de nos unificarmos com o infinito: a unificação via corpo radiante, que quando você vai para o infinito dessa forma, ninguém te tira de lá porque você e o infinito viraram um. Essa é a meditação que vamos fazer que é com o mantra Ardas Bhaee.
Meditação “Unificando-se com o infinito”, do Manual Reaching Me in Me.
Essa meditação é um tipo de Jiwan Mukta, morte em vida, morre vivo, para você não ter que nascer de novo. Morre lindo, em graça, sem medo, sem se acovardar, com elegância, na casa real do Guru Ram Das.
Uma das coisas que nos mantém no espaço intuitivo é a prática da meditação, quando vamos para esse espaço sensível que o Sat Nam Rasayan tanto proporciona. E a segunda coisa que possibilita demais a experiência intuitiva é quando não estamos com medo. Qualquer sentimento ligado ao medo, o medo no Dharma, tanto no budismo quanto no Sikh Dharma, é considerado o sentimento mais original, mais primal nosso e ele é essencialmente ligado ao medo da morte. Existem vários tipos de morte, né? Em especial, essa que exploramos tanto com o nome de Jiwan Mukta. Mas o medo nos tira do espaço intuitivo e nos leva para o espaço instintivo, que gera a necessidade de proteção e defesa imediata. Quando estamos fluindo com emoções primais, é muito ruim para a nossa intuição. Muito ruim. O Yogi Bhajan costumava comentar que a ausência da busca pela liberdade é uma condição para a intuição. Uma coisa bem paradoxal, mas bem bonita. Quando você não está mais preocupado em se libertar porque você já aceitou que você está preso mesmo. Essa história de você não se preocupar com mais espaço porque você em si já é preso e livre ao mesmo tempo, esse é o momento em que a intuição aflora fortemente.
É muito curioso porque quando temos um surto intuitivo, costumamos ter surtos intuitivos quando alguém que amamos demais corre risco. No surto intuitivo, você não tem relação mínima com o medo. Na maior tragédia, você não se relaciona com o medo. Você se relaciona só com a sua inteligência. Essa inteligência não é a inteligência instintiva, ela é a inteligência intuitiva. É por isso que você tem uma entrada tão grande de energia de prana na sua cabeça, na região da sua hipófise e da sua pineal, que depois que passa o surto intuitivo, e o perigo passa, você adoece literalmente, você torra seu sistema nervoso. Então, os surtos intuitivos que todo mundo tem, é o que no pasquim do yoga é chamado de a “Kundalini levantou”. É verdade. Ela pode levantar na pessoa mais estúpida do mundo, se ela tiver um surto intuitivo. Não tem nada a ver com a pessoa ser “aquela coisa”, mestre, iluminada. Não tem a ver com ter uma habilidade, méritos espirituais etc... Não tem nada a ver com esse tipo de experiência construída do clichê espiritual. Porque qualquer estúpido ou estúpida que estiver passando por um grande perigo, principalmente com quem a pessoa ama demais, vai ter um surto intuitivo. Aí rasgou o pasquim. Esse surto intuitivo, ele é ocasional, mas em nós ele pode ser tornar regular mesmo se tratando de uma pessoa má. Não existe esse maniqueísmo. Não tem um critério que separa os bons dos maus. Porque esse critério não existe no universo, no espaço sensível.
[Aluna] No surto intuitivo, porque que torra o sistema nervoso?
[GSK] Porque entrou energia prana sem nenhum filtro no sistema nervoso humano de uma só vez. E aí torrou o sistema nervoso e aí a pessoa fica de cama. Essa coisa da intuição é uma conquista humana de estimularmos o córtex. Para contermos nossos impulsos. Na medida que contemos nossos impulsos, então, só tem uma saída para nós: sermos intuitivo. Ter essa inteligência.
[Aluna] Nesse estado, nós estamos no sistema parassimpático?
[GSK] Não, se você estiver no parassimpático muito tenso você começa a vomitar. Começa a ficar rígida. Você vai combinando. Essa meditação mesmo que fizemos, esqueci de dizer, é para o sistema nervoso simpático e parassimpático. Para o hemisfério direito e esquerdo. Ela termina assim, juntamos e equilibramos tudo. Não precisamos que o sistema nervoso simpático esteja ativo para termos intuição. Não é por aí. Quanto ao parassimpático, ele é importante porque ele nos tira do estresse.
Quando estamos muito preocupados e tensos, produzimos bastante química do sistema nervoso simpático. Precisamos sair disso e quem nos faz sair disso é o parassimpático. Precisamos experimentar um relaxamento; no relaxamento, expandimos.
May the long time sun....
[Transcrição: Karamjeet Kaur]
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