[GSK] Renovação, esgotamento e limpeza
Aula ministrada por Gurusangat Kaur Khalsa no dia 3 de novembro de 2017.
O trabalho que vamos fazer hoje é de recarregar. Em Kundalini Yoga, quando nós falamos que vamos recarregar, há uma relação como prana, mas tem algo a ver com se recarregar de esperança. Tem um detalhe que é importante que vocês compreendam: quando a gente fala de recarregar de esperança ou de prana, renovar, a gente tem de ter passado por uma condição que é de esgotamento. Não há como você passar por um processo de renovação se não houve o esgotamento. A situação do esgotamento é muito desagradável. Ninguém quer passar por ela, mas ela é muito necessária. Quero falar desse paradoxo para vocês porque ele é aplicável em todas as situações da vida, inclusive a do adoecimento profundo.
Ninguém quer passar por um esgotamento, ninguém quer atravessar essa zona desesperançosa, que é de solidão, silêncio e desesperança. Nós, seres humanos, temos tanta prepotência e temos um tipo de credo que é: nós fazemos o bem demais para passar por isso, por essa zona da desesperança, do desgaste. Mas ela é importante porque ela esgota tudo, e a partir desse esgotamento, você pode se limpar. E a limpeza não acontece na renovação, isso é um erro. No corpo humano, em nenhum lugar a limpeza acontece quando você está renovando, ela tem de ter acontecido já. A grande vantagem de você entrar na zona de desesperança e esgotamento é que haverá limpeza, seja no campo psíquico, seja político, social, físico – não importa. Só que existe um aparato, especialmente um aparato clínico, que impede as pessoas de irem para essa zona de esgotamento. E esse aparato é muito pobre porque ele impede a pessoa de se limpar. Nós, que somos mais audaciosos com, por exemplo a medicação homeopática, com a própria alimentação, a meditação, ou com os recursos da psicologia, os recursos do yoga, claro!, a gente lança mão de uma tanto de coisa, exatamente para a gente não ir para o lugar aonde justamente a gente deve ir. Então a gente mascara esse processo, e a gente nunca limpa. E se a gente nunca limpa, a gente nunca renova. A gente precisa se abandonar nessa condição, se permitir. Mas para isso você tem de ter uma coragem de morrer muito grande, porque é um tipo de morte, um esvaziamento. É uma queda lenta nesse vazio. Eu não sei quantas receitinhas no bolso a gente tem para impedir essa queda. Essa é a fase um. A fase dois é: o que fazer se eu sou uma psicóloga, um médico, ou professora de yoga, ou sou terapeuta em Sat Nam Rasayan, alguém chega para mim e está entrando nessa fase? Eu não posso empurrar a pessoa na própria fase. A gente pode manter uma proteção à volta daquela pessoa e o corpo sempre gosta. Não necessariamente dar àquela pessoa recursos para ela sair daquela fase. Ela deveria entrar em processo de profunda limpeza, deveria ser dado a ela recursos para ela se sentir amparada. Isso caso ela te procure, porque se a pessoa já tiver uma consciência, ela não vai querer saber de nada, vai querer se recolher. O resto é entre ela e as forças de cura. só haverá cura mesmo se houver limpeza, e só depois poderá haver renovação.
Eu, por exemplo, fiquei mal por cinco dias. Que tipo de apoio eu precisava, que alguém eventualmente me desse um chá, uma massagem nas pernas, um apoio. Não que isso fosse me restaurar. Só amparar, porque se a gente tirar a pessoa muito rápido do processo de limpeza, ela não vai renovar. O Sat Nam Rasayan é muito bem-vindo, porque ele não interfere nos mecanismos de limpeza, ele não vai restaurar a cura da pessoa instantaneamente, ele vai restaurar a pessoa no processo de limpeza em que ela estiver. E o terapeuta do Sat Nam Rasayan não deveria ter a prepotência de querer curar, porque senão ela vai interferir. O Sat Nam Rasayan não tem nada a ver com o outro, tem a ver com você. É o sistema de cura mais louco, que só poderia vir do Kundalini Yoga: a cura não tem nada a ver com o outro que está precisando, tem a ver com você. Não passa dentro de quem está precisando, passa pelo espaço sagrado.
Existem processos que você vai precisar ter a humildade de esperar mil dias, um ano, dois anos. O corpo precisa de um tempo. É muito chato ficar dois anos esperando que o processo se conclua, mas é o tempo que o corpo precisa para restaurar-se. E o que pode ser feito, e pode ser mais efetivo que qualquer outra coisa, é meditar. É preciso entender que a meditação parece não estar relacionada imediatamente ao que se está passando, mas a meditação restaura um campo morfogenético. Você veio a partir daquele campo e é naquele campo que você volta, é nele que está sua história biológica, é naquele campo que está o legado biológico e é nele que você se restaura. E só a meditação te conecta com aquele campo. Não existe outra coisa. Vocês sabem que há anos tive um indicação de operar os joelhos, então eu teria de operar os joelhos porque eles estavam completamente destruídos. Eu disse que não operaria, eu precisaria de três anos. E assim foi. Mas o que são três anos em algumas vidas. Então é essa resiliência, essa paciência que é o que o Yogi Bhajan chama de "patience pays". Um medicamento possível seria para tirar dor. O ser humano não deveria sentir dor, porque a dor nos desloca da realidade. Então um medicamento bem aplicado é sempre importante. Não é para ser a salvação.
Kryia para Recarregar
A meditação de hoje é para quando você passou por um processo de limpeza. Ela restaura a saúde corpo físico. Meditação do manual de Ciclos de Vida e Estilo de Vida.
May the long time sun shine...
[Transcrição: Sada Ram Kaur]
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