[GSK] Quando o finito nos encontra
Aula ministrada por Gurusangat Kaur Khalsa em 04 de maio de 2018.
[GSK abre a aula]
Na aula passada falamos sobre uma frase do Yogi Bhajan, para fazermos sentido enquanto professores. Vocês se lembram o que é que ele fala?
Aluna: Eu anotei aqui: “Se você for confiante e honesto, é .....”
GSK: Quando vocês escrevem assim, perdem a gatka. Quem se lembra à partir daí? A história dele era de não esperar que você vá para o céu, quando você sai da terra. Ele fala: aqui é o paraíso. Ele fala de liberação. Você não alcança a liberação quando você espera sair da terra para ir para o paraíso. Isso não é liberação, foi o que ele falou. É assim que vocês têm que falar sobre o Yogi Bhajan. Então, onde é que está a liberação?
Aqui mesmo. É aqui o paraíso. A liberação está em você viver de forma honesta e confiante. Entenderam isso? Vocês têm que guardar essas gatkas do Yogi Bhajan. E hoje tenho uma outra, que é uma consequência dessa, e é muito, mas muito importante para entender a aula de hoje. Ele diz o seguinte: "quando o finito te encontra é o que te desafia". Quando é que o finito te encontra?
Aluna: Quando a gente se depara com os nossos limites.
GSK: Isso. Todas as vezes que você se depara com seus próprios limites, o finito te encontrou! É finito. Vocês estão no limite. Cada um de nós vai se deparar com o limite num determinado lugar. Se deparar com o limite não tem um peso tão grande quanto se deparar com o limite auto-imposto. Quando é que um limite auto-imposto nos toma? Isso se você tivesse que falar em tese, de forma bem genérica.
Aluna: Nossos hábitos.
GSK: Que tipo de hábitos? Bem primal. Cada um tem um. Estou dando várias dicas.
Aluna: A nossa sombra.
GSK: O que é que tem a nossa sombra? Não adianta falar “a nossa sombra”. Todas as vezes que os nossos limites auto-impostos são apresentados para nós, eles vêm de onde?
Aluna: do subconsciente.
GSK: do subconsciente! Eles vêm de uma programação do subconsciente. Não posso nem aceitar a sombra porque a sombra é até uma coisa muito boa. Ela não é o problema. O problema são os limites impostos pela nossa programação subconsciente. Mas qual é a semente da nossa programação subconsciente? O limite, a essência da nossa programação subconsciente, jamais esqueçam isso. É quando eu não tenho o que eu...?
Alunas: Quero! Desejo!
GSK: Quando não satisfaço de modo imediato os meus desejos. Todas as vezes que o finito me encontra, é quando eu estou me sentindo "não satisfeita" do ponto de vista emocional. Queremos uma coisa, mas não estamos tendo aquilo o que queremos. Quando o finito nos encontra dessa maneira, mostramos ao nosso finito a nossa infinitude, isso é que é ser espiritual. Se o finito nos encostou na parede, porque demos uma birra, porque não tínhamos aquilo que queríamos, como é que mostramos nosso infinito ou a nossa infinitude para o finito? Quem é o finito mesmo? Nós mesmos, né? Como é que mostramos para nós mesmos o nosso infinito? Quero que vocês respondam pensando em vocês.
Aluna: Na rendição? A questão do propósito....
GSK: Na rendição! O propósito é bom, mas a rendição é melhor que o propósito. É bom vocês sempre se lembrarem do propósito. Mas quando estamos em birra, a última coisa que pensamos é no propósito. A birra é um sequestro emocional. A birra pode vir pela raiva, pelo medo, pelo ciúme, pode vir por onde que ela quiser vir. A história é nós então, respondermos com o nosso...?
Aluno: rendição.
GSK: rendição ajuda. A outra coisa que ajuda é lembrarmos dos ensinamentos. É sabermos que temos um infinito e que podemos nos frustrar. Então, a aula de hoje é para quebrar essa noção comum de que eu, você, nós, temos que estar sempre bem. Isso é uma loucura, isso virou uma paranoia. A paranoia de termos que estar sempre bem. Nunca podemos estar mal. E o dia que estamos mal, temos que procurar alguém porque estamos mal. Não temos a paciência nesse finito de não estarmos bem, de aguentar aquilo com uma entrega nem por 24 horas, damos birra, saímos correndo, queremos ajuda. Entendem essa frase? De uma frase como essa, podemos dar uma aula de um mês.
Quando o nosso finito nos alcança, nós mostramos nosso infinito. Isso é divindade.
A aula de hoje é para nos fazer criar em nosso corpo uma experiência de ausência. Em inglês ele brinca muito com essa palavra “easy” é “fácil”, “disease” é doença. É para criar um estado de facilidade de harmonia, para eliminarmos o estado de adoecimento do nosso corpo. É tirar a fantasia que nosso eixo psíquico só vai estar alinhado com o eixo psíquico do universo se estivermos bem.
A grande história é usarmos esses eixos quando não estamos bem. É para isso que vocês, professores de kundalini yoga, são talhados. De fato, kundalini yoga é um negócio muito especial. Estamos tendo muitos ensinamentos. Dessas aulas de sexta-feira saem muitas coisas. Pra vocês poderem usar, fazer sentido, porque a situação está calamitosa. Há algumas semanas estavam a Sunderta e a Gurupreet lá na faculdade de Engenharia da UFMG falando sobre suicídio. Eu estava anteontem na TV BH News, falando sobre ansiedade, depressão e suicídio. Vocês sabem que o Brasil é o país nas estatísticas mundiais, o número um por ansiedade? E o quinto em depressão?
Número um em ansiedade. Uma ansiedade que se assenta na população independente de qualquer corte sociocultural. Estamos precisando levar um tipo de esperança e recurso para as pessoas, mas precisamos saber falar. Essa aula se chama “Getting the body out of distress”, “eliminando a aflição do seu corpo”. Esse "distress", não é um estresse distraído, é a pior forma do estresse. É um estresse que se sedimentou tanto no corpo quanto na psique e já está patológico.
Kriya “Getting the Body Out of Distress”, do Manual Reaching Me in Me
Guru Nanak adverte os yoguis assim: “Não entre no seu castelo de gelo usando robes de fogo”. Nossa meditação é muito boa. É uma meditação para o seu sistema imunológico. Nesses tempos de mudança de temperatura, batam gengibre no liquidificador, coam, façam uma água de gengibre. Um pedacinho de gengibre, um pedacinho de limão, um pouquinho de água e toma. Gengibre e limão não podem sair mais da água de vocês. Nem no verão, nem no inverno. Água de gengibre com água de limão.
Meditação para o Fortalecimento do Sistema Imunológico, do Manual "Reaching Me in Me"
May the long time sun shine upon you....
Quem estiver gripado, sugiro 11 minutos dessa meditação mais alguns líquidos que ajudam a acelerar a sua reserva de cura. Essa época é uma época sempre bem difícil, né? Muito seca, começamos a nos expor.
Quero falar mais uma coisa antes de finalizar: vocês compreenderam a ideia dessa aula? Acho que a melhor maneira da nossa resposta infinita diante do finito é não deixarmos que os nossos hábitos definam a nossa reação. Precisamos ser originais o tempo todo porque é muito lastimável ver como é que nós, professores de kundalini yoga, ainda nos amarramos nessas pegadinhas.
Outro dia estava fazendo um mentoring muito importante de três pessoas. Estamos trabalhando sangat, seva e simran, e coloquei uma pergunta sobre simran pra dizer como é que esse estado meditativo constante pode ser experimentado de modo prático. E a pessoa respondeu da seguinte maneira, que obviamente recusei a resposta: “Na medida em que eu me torno um fluxo com o divino.”
Logo vi o Yogi Bhajan. Quando uma vez uma pessoa falou em divino dessa forma pra ele ele disse: "o divino vai te dar uma porrada no lado esquerdo da sua cara, a mão do divino vai vazar através dos seus dentes e sair lá do outro lado". Esse é um tipo de resposta floreada que escamoteia a realidade, é pobre. “Eu vou ser um fluxo do divino”. O que isso quer dizer? Falei pra ela que aquilo era uma poesia pobre, e além de tudo uma poesia que encobre. A pergunta é: como você vira um caso concreto do divino? Sendo o divino!
E aí acontece um exemplo de como o divino realmente trás as coisas para a realidade. Nós estamos dando um curso em Porto Alegre. O divino mandou dentre esses alunos, uma aluna que levantou a mão e falou assim “estou tão grata por ter essas aulas que são tão concretas. Tive uma professora na cidade tal, que um dia apareci na aula dela de maquiagem e ela me mandou sair, dizendo que é inaceitável esse tipo de make up em aula de kundalini yoga". Então o divino mandou uma pessoa, uma voz e uma história, para que um dia nós pudéssemos usar no mentoring com a professora que quer ser o fluxo do divino. Vocês veem como que é o radar do guru?
Aí coloquei pra ela: "olha o que o divino está te mandando. O que você acha que é isso?" Aquela que quer ser um fluxo com o divino falou assim: “Eu não posso dizer. Com certeza essa pessoa está mentindo, ela está caluniando e eu preciso ter o nome dela para poder me referenciar."
Vocês estão entendendo esse exemplo que guardei no fim da aula pra vocês? Vai ser o fluxo do divino para ver? O divino vem, só que ele não vem em detalhes, ele vem como um pacote. Falei para essa professora, independente de a aluna estar mentindo ou falando a verdade, independente dela estar fantasiando ou trazendo a realidade, independente de ela estar caluniando ou não, não interessa o finito. Interessa que tipo de projeção é essa que fez ou a pessoa falar a realidade ou inventar. Qual é o tipo de projeção?
Todas as vezes que um professor ao ajudar um aluno, põe ele pra baixo, gera no aluno uma reação de defesa. Nós nunca podemos garantir que ele vai encontrar o seu finito. Quando o professor chega com o finto para ele, que é "provoca, cutuca, eleva", o professor não pode garantir que ele vai te responder no seu infinito. Seria maravilhoso! Se ele te responde no infinito dele, nossa, você vai para o céu com esse aluno. Na maioria das vezes ele vai responder no finito. E ele, na defesa dele, no finito, cria uma realidade. Ou não, como é que vamos saber? Vocês estão entendendo? Então por isso que o Yogi Bhajan fala: quando crescemos muito, subimos muito, a queda é muito dolorosa. Podem imaginar essa pessoa falando? “Eu vou ser o fluxo do infinito”. E aí o infinito chega. Na verdade, é isso mesmo, nós queremos ser a passagem do infinito, mas precisamos fazer sentido. A maneira que fizemos sentido hoje, foi dizendo quando o finito nos confronta, confrontamos o finito com o nosso infinito.
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