[GSK] Próton? Como assim?
por Gurusangat Kaur Khalsa
Você já ouviu falar do próton? O próton é uma parte minúscula do átomo, bem modesta mesmo. Se você pega o pingo deste i, nele haverá, no mínimo, 500 bilhões de prótons.
Imagine agora encolher um próton, que já é um nada, um bilhão de vezes... Dá para imaginar este tamaninho?
Pois foi de um nada assim que o universo foi criado. Deste nada, literalmente, o universo começou a ser criado e, na medida em que se expandia, numa velocidade que me escapa compreensão, ia criando o tempo e o espaço e tudo que conhecemos ou imaginamos que possa existir dentro do tempo e do espaço.
No primeiro segundo, foram produzidas a gravidade e outras forças que governam a física. Em menos de um minuto, o universo possuía 1,6 milhão de bilhões de diâmetro! Em 3 minutos, 98% de toda a matéria existente hoje ou que ainda surgirá foi criada.
Você pode imaginar a força e a beleza desta arte?
Isto ocorreu há 14 bilhões de anos. Passados 4,5 bilhões de anos, a Terra surgiu, e hoje nós todos estamos aqui graças à força da arte das mulheres, as fêmeas da aurora da vida. Sem a mulher não há futuro. A mulher é a fonte criativa de vida cuja fertilidade depende de respeito.
Veja a Terra, esta mulher que dá e mantém a vida para todos os seres que nela existem. Ela se notabilizou por agarrar qualquer atenção e cuidado e responder em abundância. A despeito de sua grande generosidade, nós temos deliberadamente investido em aniquilar sua vida. Cada instante algo é feito contra sua dignidade e identidade. Nosso desrespeito é tamanho e vem de tão longa data que agora ela começa a sinalizar que talvez não sobreviverá ilesa. Provavelmente, se nada mudar, ela sairá de cena muito antes do que gostaríamos de admitir. Nossa brutalidade é estúpida, porque ao sair de cena, a Terra levará consigo todo o resto inclusive nós!
Você já pensou no legado que a Terra nos deixou até agora e do que ainda poderia nos deixar caso fosse respeitada? Das centenas de ensinamentos que ela nos legou, um deles talvez alcance o cerne da sua sabedoria: a Terra nos deixou registrado como, sob intenso desafio e abandono, nós podemos agarrar o mínimo gesto de compaixão e revigorar nossa força existencial e continuar servindo sem escolher a quem, com o vigor de nosso núcleo mais sagrado. Apenas numa frase vários ensinamentos podem ser extraídos: o compromisso com a cadência é maior do que com a decadência; desafios nos deixam mais fortes e determinados; a força para criar precisa de liberdade, sem aprisionamento em forma, gênero, cor. Em outras palavras, a força que cria é mantida no cerne de quem se transforma o tempo todo.
Como tudo teve sua origem numa explosão de intensidade cósmica e sem causa aparente, da mesma maneira nós, filhos deste universo, herdamos a mesma habilidade. O impulso para criar não precisa de substrato. Você pode, do nada, de seu desejo e de sua oração, explodir uma intensão e deixar no mundo sua marca, sua história e seu legado.
Wahe Guru, Sat Nam.
Belo Horizonte, 15 de dezembro de 2013.
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