[GSK] O espaço sagrado está onde estamos
Aula ministrada por Gurusangat Kaur Khalsa no dia 27 de abril de 2018
[GSK abre a aula]
GSK: A aula de hoje está no manual “Reaching me in me”. Essa aula se chama “Equilibrando as três psiques”. Numa outra aula desse manual, aprendemos a alinhar a nossa psique à psique do universo e estava faltando as três pisques imediatas – essa aula é para isso.
A primeira psique é a nossa psique. Antes de ela fazer um alinhamento com a psique do universo existem mais duas etapas, que é: como alinho/equilibro a minha psique no meu meio imediato? Por exemplo, nesse caso aqui, a psique do nosso meio imediato somos nós. Então isso aqui cria uma psique. A psique da sala de aula. Ontem estava conversando com uma aluna e ela falou que foi chamada para fazer um trabalho de kundalini yoga em um espaço. Quando outra pessoa que não era professora de kundalini yoga assumiu a condução do trabalho, a frequência caiu.
Nós professores de kundalini yoga, com o “Ong Namo Gurudev Namo”, criamos uma projeção que organiza essa psique imediata. É por isso que em todo curso de kundalini yoga, mesmo sem o “Ong Namo Gurudev Namo”, a projeção de Guru Ram Das, através de nós, garante uma elevação do meio. A frequência fica elevada. Basta você colocar outra pessoa no seu lugar para ver como a frequência vai cair. A frequência do meio depende muito de como você a organiza intencionalmente. Mas isso é só um paralelo.
A segunda psique seria a do meio imediato. Seja onde vocês estiverem, aquela é a frequência do meio, seja em uma aula de kundalini yoga, seja no trabalho. É a relação da sua psique com a psique do ambiente que te envolve. E a terceira psique é a relação entre você, por meio do ambiente que te envolve, com a psique da landscape, a psique da cidade. Com o que está além dessa sala de aula, com tudo que está aí.
Esse alinhamento é feito no kundalini yoga através do sistema de chakras. Se vocês pudessem olhar para um ser humano quando ele está se alinhando, vocês veriam que nós não precisamos de nada especial para criar um alinhamento entre nós e o meio, e com o meio para a cidade e, em seguida, para o ambiente. Quem faz o alinhamento de nós em direção ao meio é o nosso sistema de chakras. Naturalmente o nosso sistema de chakras são ventoinhas, como uma fábrica. Determinado chakra está pondo a energia para fora, o outro para dentro, o outro está parado. O sistema de chakras tem uma dinâmica que é de nos acomodar ao meio.
Por isso que, às vezes, no meio de uma pose vigorosa você começa a baixar o negrinho do pastoreio, você começa a bocejar. O bocejo é o quinto chakra ajustando à frequência do meio, que pode estar mais alta ou mais baixa que a sua. Você boceja para ajustar.
Nosso sistema de chakras é dinâmico, por isso que dá uma dó demais pegar esses terapeutas holísticos que fazem ajuste de chakras, vulgarizando o sistema de chakras, fazendo com que ele vire uma coisa como uma essência pachouli, vulgar. O sistema de chakras tem a sua própria inteligência e ele nos coloca em relação com o meio. É por isso que nos sentimos deprimido, ou bem, ou ultra excitado, em determinado meio. Mas o Yogi Bhajan chega nessa aula e diz “Isso é apenas o normal, o ordinário. O extraordinário vem agora”. E ele fala que todas as pessoas que aprenderam yoga com os mestres do sistema de Hatha Yoga só aprenderam até o sistema de chakras. Faltam dois elementos chave que são sobre como estabelecer minha frequência em um meio maior, especialmente se o meio maior estiver em caos. É aí que fica interessante o negócio.
Os alunos de engenharia estão se suicidando. Adivinha se o meio maior está em caos? Adivinha se o meio imediato deles, que é a universidade, está um caos? Vocês, afinal de contas, sucumbem ao meio, submetem a ele. Isso é algo que nenhum kundalini yogi quer. Nós não queremos ser determinados pelo meio, não é verdade? Se o meio está bom, estou bem. Se o meio está ruim, estou mal. Nós não queremos isso. Se você depender só do seu sistema de chakras é assim que você vai ficar.
Para isso existem mais dois outros sistemas: a linha do arco e o corpo áurico. São esses dois sistemas que vamos hoje alinhar com o meio maior. O que esses dois sistemas fazem? Nada disso está na aula de Yogi Bhajan. Vocês se lembram o que a linha do arco faz? Pelo jeito não. A linha do arco, para o homem, está sob sua cabeça e é uma maneira de discernir o seu destino. A mulher tem essa linha do arco e uma outra, que vai de um mamilo ao outro. Além de ela discernir o seu destino, ela encontra essa linha do arco que vai dizer quais são as companhias que ela escolhe para realizar o seu destino. Ela tem duas linhas do arco. Para atravessar o meio de forma mais segura, primeiro nós escolhemos o “como”. Essa é a linha do arco.
O campo áurico é o sistema de proteção em que você tem uma leitura: “o meio está muito adverso”. Ele te traz informação do meio para que você se coloque no meio além da diversidade. Por exemplo, não estabelecendo a sua entrada ou sua convivência nesse meio adverso com base no passado. O corpo áurico não visita o passado. Nenhuma análise que a gente fizer do meio maior tem base no passado, com o corpo áurico. Quando nós insistimos em fazer uma análise do meio com base no passado, estamos abrindo mão da inteligência do nosso corpo áurico para usar o nosso intelecto. Nós forçamos a nossa penetração nesse campo para entrar com nosso intelecto. Vai dar merda certamente.
Nós precisamos, no kundalini yoga, de desenvolver a linha do arco e o corpo áurico para penetrarmos em meios adversos e seremos um ponto para elevar a frequência, um ponto de dar esperança. Esse ponto nunca vai estabelecer uma projeção de esperança, que é para o futuro, se ele faz com base nas experiências do passado. Tecnicamente, não pode. É impossível.
Alguns de vocês estão se perguntando “e as análises”? Já ouvi essa pergunta na cabeça de umas três pessoas. Como analiso uma situação para que daqui eu possa para o futuro? As análises precisam ser centradas no agora! Porque todas as vezes em que o meio externo está muito adverso e a minha análise para interpretar o meio externo se dá comparando com o passado, retiro do presente a força de transformação que vem com o caos. Instituo um elemento de dominação chamado medo. E o medo é um recurso muito usado na Era de Aquário, especialmente em sistemas políticos de todos os matizes, para que nos imobilizar, nos recolhemos e fiquemos no passado.
Na nossa vida pessoal, não podemos fazer as nossas análises com base em experiências que vivemos no passado. Elas nos trouxeram um potencial e uma história, mas a análise precisa ser medida e feita no aqui e no agora. E como vamos dar um passo nesse desconhecido? Nos alinhando no desconhecido e estabelecendo, então, uma intuição através da linha áurica. Por isso que um professor ou um aluno que realmente pratica kundalini yoga pode estar sofrendo muito, mas a chance de essa pessoa se destituir de poder é muito menor que uma pessoa que não pratica e está em um meio caótico.
Existem muitos exemplos. Como aquelas pessoas jovens de empresas de revolucionários, bambambam, cheios de milênios. Se acham um tanto poderosos e estão destruídos. Não valem um gato pelo rabo, como dizia minha avó. Porque eles não sabem fazer esse ajuste de si para o meio imediato e do meio imediato para o meio maior. Nós não estamos nem falando do eixo do universo. Essa é uma outra historia, requer que o ser humano tenha um outro tipo de calibre. Isso foi nas nossas primeiras aulas.
Kriya: Equilibrando as três psiques. Manual Reaching in me
Essa meditação completa o trabalho do kriya, que é de fazer esse ajuste daqui para o todo. Mas ela tem uma particularidade que usa a energia de júpiter, que é nesse dedo (indicador). Quando os yogis falavam que Júpiter dá a forma de conhecimento mais cheio de graça e mais completo, falavam da influência de Júpiter no cérebro, tomávamos isso por um fato, mas nunca pudemos comprovar. Agora nós podemos comprovar. A pose é a terra com o céu. Quando estimulamos o dedo de Júpiter com esse movimento, quatro partes da região neurológica se ativam, se mobilizam. O que chamamos de medula. E no nosso linguajar yógico a medula é o que mesmo?
Aluno: Sushumana
GSK: Graças a Deus! Sushumana! O canal central da coluna vertebral e três anéis da parte constitutiva que chamamos de ramificação central do cérebro. Três desses anéis são estimulados. Esses anéis e a medula estimulados nos abrem para um tipo de conhecimento que não encontra explicação, que é um conhecimento que vem pela intuição. Muitas vezes, quando estamos no nosso campo e intuímos, começamos a responder como uma antena. Outro dia, mandei mensagem rindo em um grupo íntimo meu: “gente, estou ansiosa e deprimida”. É aquele momento em que sentimos que tem uma pressão chegando e que surge uma ansiedade. Muitas vezes, sentimos isso e logo associamos a uma coisa muito ruim, especialmente se estivermos no passado. Se estivemos no passado, qualquer pressão que identifiquemos, que soe como uma ansiedade e uma pressão, naturalmente é vista como um sinal muito ruim. E é aí que nos desconectamos do campo. Se não estamos no passado, isso pode ser uma coisa muito boa, algo muito grandioso.
Vocês entendem a diferença de estar no passado ou não estar no passado?
Se estivermos no passado é porque estamos dominado pelo medo. Nos recolhemos e tudo que capitamos é traduzido pelo medo. Vocês estão compreendendo o que esse kriya quer dizer? Não estar no passado! Não estar no campo do medo. Porque quando intuímos, o medo nos tira de uma nova possibilidade. Essa meditação é para abrir ainda mais essa inteligência que vem de Júpiter e desse anéis.
Meditação: Kriya da terra para o céu
Pra finalizarmos a aula, vou contar o maior engodo que nos falaram. Somos ensinados pela religião que saímos dessa terra para ir para o reino de Deus. E o Yogi Bhajan fala – e o Sat Nam Rasayan também – que o espaço sagrado está onde estamos. E o reino de Deus está onde nós estamos. O primeiro engano é nós não saímos da terra para ir para o reino de deus. Podemos experimentar o reino de Deus onde estivermos. Nossa liberação não é sairmos daqui e ir para o reino de Deus.
Cada sistema de religião tem uma forma de pagar logo o karma. Para os católicos, é a Extrema Unção. Se você fez a extrema unção, não importa o tanto de bobeira que você fez aqui, você vai para o reino de Deus. Mas não é exatamente assim. A liberação não se dá quando você sai da terra e vai para o outro lado. O outro lado não é o reino de deus. O reino de Deus é onde você está. Onde está, então, a liberação? A liberação é quando sabemos que onde estamos é o reino de Deus e somos livre e honesto. Yogi chama de duas qualidades: a liberdade e a honestidade.
Por isso que não existe nenhuma forma de poder que seja liberadora se ela for cerceadora – em nenhum aspecto. Outro dia estava orientando uma pessoa que vai fazer um doutorado e o "pai intelectual" dela é Benjamin. E a história dela é usar o que Benjamin chamava de “violência pura”. Ele traz três elementos: violência pura, messianismo e violência divina. Esses três elementos foram muitos úteis no século XIX e no início do século XX. Não são mais úteis agora. Todas as vezes que formos nos liberar cerceando, ainda que no nosso intelecto, nós estamos presos. Nós não viveremos a libertação no reino das sombras. Divaguei um pouco só pra dizer que não adianta querer pôr a teoria de Benjamin nos dias de hoje. A minha pergunta pra ela foi: "Se isso é um espírito libertador no direito, como você explica o Isis? Porque ele é um sistema de justiça messiânico, divino e da violência pura".
As coisas no mundo atual são muito mais complexas do que eram no século XIX e no início do século XX. Hoje existem pessoas usando a tecnologia da kundalini yoga para manipular. Não existia antes. Por isso que o Yogi Bhajan fala que a libertação existe quando somos confiante e honesto. Como vamos garantir que as pessoas sejam honestas e confiantes? Só através do nosso exemplo. Honestos acho que queremos ser. Confiantes... Duvidamos o tempo todo.
A aula de hoje foi para essa coisa da confiança porque a confiança é o valor que ajusta a nossa psique, ajusta a psique do meio e nos ajusta à psique do campo. Para depois nós transpassarmos e nos alinharmos à psique do universo. Aí já é um salto muito grande. A aula de hoje foi para fazer do concreto aqui. Para isso é preciso duas qualidade. Confiança e honestidade. Yogi Bhajan fala assim: “liberação não é que você vai desta terra para o reino de deus. O reino de deus é onde você está. E a liberação é aqui. Quando você é 'carefree', que é “cheio de esperança”, “alegre”. Difícil de traduzir.
Aluna: Sem ansiedade.
GSK: É. Sem ansiedade. Mas não queria colocar ansiedade desse jeito, porque tem lugar que a ansiedade é uma antena. “opa! Uma coisa tá vindo”. E honesto. Se estamos em uma situação extremamente desafiadora e nossa referência é o século XIX ou o século XX, já era! Estamos sendo mediado pelo medo. Não somos “carefree”. Podemos ser honesto, mas não somos “carefree”. Se estamos no parâmetro do passado, estamos mediando o futuro através do nosso filtro de medo. E aí acabou! Temos vários tipos de medo. É por isso que as pessoas muito sensíveis se suicidam. O medo da situação no momento é tão maior que o instinto de preservação da vida que elas não suportam mais conviver. Vocês entendem a importância de vocês, professores de Kundalini yoga, não fazerem apologia ao sofrimento? Vocês são as âncoras dos seus alunos.
Vocês estão fazendo essa meditação e não estão presentes, estão no passado. Totalmente fora do eixo! Esse é o primeiro tipo de apologia do sofrimento. O segundo tipo é assim – vou tocar em ponto nefrálgico –: “Não vai ter eleição!”. Apologia do sofrimento. Vocês estão entendendo apologia do sofrimento? Os românticos adoram fazer apologia do sofrimento.
Nós somos a presença que marca o futuro. Nós não somos a presença para nós nos alertar com base em uma historia pregressa. Se nós fizermos isso, nós impedimos o fluxo de chegar até nós. E se o fluxo não chegar até nós, não vai chegar aos alunos. Vocês precisam ser “carefree”, seguros e honestos. Honestos vocês já são. Mas carefree a maioria não, porque vocês têm medo. Entenderam isso?
Na meditação, Yogi Bhajan fala assim “Nós todos juntos na consciência do Criador”. Tem que ter uma razão pra estarmos junto na consciência do criador. E não deciframos isso se estivermos com medo. "Venha o que vier eu estou aqui. Eu não temo. Não vou mudar o meu valor. Eu estou aqui. Esse é o espírito".
ok, turma, Wahe guru. Sat nam!
"May the long time sun shine upon you"
[Transcrição: Tarkash Kaur]
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