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[GSK] Neutralidade metabólica e intuição

Aula ministrada por Gurusangat Kaur Khalsa no dia 21 de setembro de 2018


[GSK abre a aula]


[GSK] Na semana passada fizemos uma viagem pela intuição através do nariz. Para que aqueles que não vieram possam saber, algum de vocês se lembra de como o nariz tem uma relação direta com a intuição?


Aluna: Na hora que troca as narinas.


GSK: Wahe Guru! Na hora que troca as narinas, o que acontece a cada uma hora e meia ou duas horas. E o que acontece naquele momento em que há a troca do fluxo, na ativação da narina?


Aluna: Um apagão.


GSK: Três coisas se apagam. Há um apagão nos três sistemas: nervoso, endócrino e imunológico. Não se trata de uma injustiça, tem que haver uma razão. É um momento que nos sentimos como, fisicamente?


Aluna: Fracos, sem energia.


GSK: Totalmente sem energia. Não conseguimos fazer nada, pensar nada. Temos um apagão geral. Esse é o momento em que a nossa pineal tem maiores condições de acessar intuitivamente o mundo. Portanto, esse é o momento em que deveríamos nos recolher. Se estivermos no trabalho, no computador, aonde for, nos recolhemos por alguns instantes, fechamos os olhos e permitimos. A cada uma hora e meia a duas horas. Isso vale inclusive para os homens, que são sempre tão estáveis, pois esse é o momento em que ocorre um apagão. Se, no momento em que sentimos exaustão, em vez de tomarmos um café – podemos até tomar um café, não sou contra, mas antes de tomá-lo – pudermos reconectar e permitir aquele apagão, contemplar, então estaremos no mar da intuição.


Aluna: Guru Dev fala que neste momento você respira igualmente pelas duas narinas, e que isso é o que acontece na morte.


GSK: É uma morte, exatamente. Só que na morte realmente respiramos pelas duas narinas por um longo tempo, até mesmo por dias. Já neste momento de apagão isso ocorre muito rapidamente. Não é sutil não, é fugaz. Mas o momento da intuição ocorre antes e depois das narinas se abrirem, então o período do acesso intuitivo é um pouco maior do que o instante das narinas se abrindo ao mesmo tempo.


Aluna: Como podemos identificar esse momento? Qual é a diferença entre esse momento e um certo cansaço?


GSK: Basta estarem atentos. A princípio podem sentir qual narina que está bem ativa. Como agora de manhã faremos yoga, isso pode ser muito alterado. Mas à tarde, no trabalho, observem qual narina está ativa e, por curiosidade, meçam por uma hora e meia ou duas horas. Esse espaço de transição onde ficamos muito intuitivos não precisa vir no início da tarde, como se fosse um cansaço. Entretanto, no fim da tarde ele sempre chega como um cansaço. Vocês podem experimentar uma parada estratégica quando reconhecerem que estão entrando nessa transição. Isso pode se tornar algo muito intuitivo.


Há determinados momentos em que eu fecho meus olhos e me vem um acesso intuitivo, ou uma informação, quando nem mesmo estou recolhida. Mas isso é a prática. Vai-se entrando em contato com esse fluxo. Outro dia me aconteceu um exemplo disso. Entre nós existe uma comunicação, um grupo de amigas, e uma de nós escreveu qualquer coisa. Não era nenhum problema propriamente, comunicamos muitas coisas nesse grupo. Na hora em que li o que essa pessoa havia escrito, imediatamente me veio uma pulga atrás da orelha – uma sensação de que aquela pessoa pudesse não estar bem. Essa coisa é a intuição. O que fazer com isso? Escrevi para a pessoa e disse: “Olha, me deu uma pulga atrás da orelha aqui com você”. Ela: “Pulga atrás da orelha?! Você acha que eu fiz alguma coisa?”. Eu: “Não, não. Sabe uma voz muito tênue? Ela fala que você pode não estar bem, mas eu não tenho certeza.” A pessoa de lá respondeu: “Você tem razão, eu não estou muito bem”.


Essa pulga atrás da orelha, do nada, é o processo intuitivo. Se não estiverem acostumados a visitar esse processo em meditação é muito difícil acessarem isso em estado de vigília. Vocês precisam começar a realmente se exercitar, porque um corpo letárgico não permite o processo intuitivo. Se vocês se acostumam a levantar e se assentar o dia inteiro, a deitar o dia inteiro, ou a comer o dia inteiro e não fazer mais nada, esse processo é retirado de cena. Porque o sistema nervoso não está em equilíbrio, o sistema hormonal tampouco. Neste caso, com certeza esse tempo de transição, para vocês, será marcado por reveses. E não é assim que surge o processo intuitivo.


Hoje vamos trabalhar uma energia tântrica chamada energia angular. Uma energia que nos retira da vida baseada apenas nos sentimentos e nos posiciona na inteligência intuitiva.


Kriya: Angular Body Energy, do manual Autoconhecimento


Começamos com um trabalho para o baço, para equilibrar a glicose. Excesso de glicose ou de comida, ou muita letargia, induzem o corpo a ficar preocupado apenas em eliminar açúcar, retirando-nos da rota da neutralidade metabólica e, portanto, da intuição. Nada no corpo ocorre de forma isolada. Se queremos intuição, a relação metabólica do nosso corpo deve estar em equilíbrio.


Vamos finalizar a aula com o shabad Dhan Dhan. Faremos esse shabad para a proteção deste país. Tenho comentado que a ciência lida com a realidade de uma maneira muito particular. Quando os instrumentos da ciência e a lógica não conseguem explicar a realidade, eles refutam a ideia de milagre. Milagre é algo que acontece sem uma explicação lógica. Porque a ciência trabalha com uma explicação lógica da realidade, ela o refuta como se ele não existisse.


Uma das características mais importantes desse shabad – acho que o Guru Ram Das conhecia bastante o espaço da adversidade – é que ele traz uma proteção muito tênue. Imaginem uma abóboda muito tênue de prana, onde depositamos nossa intenção. Essa abóboda tênue de prana serve como um buffer, uma proteção. Quando o trem está chegando numa plataforma, para não bater e arrebentar tudo, ele tem uma borracha desse tamanho na ponta, que é o buffer dele. O buffer é um sistema de proteção. Esse prana tênue serve como uma proteção, para que qualquer força de negatividade que penetre esse espaço seja retida.


Internamente, esse shabad tem uma emanação de grande prosperidade. Depende demais da nossa disponibilidade, ou seja, da nossa oração muito sincera e pura. Uma oração de um coração puro e de uma mente translúcida – essa mente que não tem medo e que também não quer nada. Por favor, não ponham e nem eliminem pessoas em sua oração, porque não temos idéia dos arranjos divinos. O que queremos fazer com uma mente translúcida e um coração puro é criar uma camada de proteção. Não é o nosso ego que deve entrar, não é o nosso desejo. Isso é uma distinção importante.


Yogi Bhajan nos fala o seguinte: “Se as suas emoções e seus sentimentos, que são muito limitantes porque te colocam no seu finito, guiam vocês o tempo todo, então vocês não aprenderam o que é crescimento”. E recusar constantemente a crescer numa sociedade significa que ninguém vai confiar em vocês, que ninguém vai ter fé em vocês, e que ninguém vai pensar que vocês são capazes de entregar alguma coisa. É um fato: aquilo que vocês não podem entregar acabará destruindo vocês. Todas as vezes que nossa interação com o mundo é apenas através dos nossos sentimentos e das nossas emoções, nós nos tornamos muito infantis. Essa recusa de uma entrega num ambiente em que você não está necessariamente feliz, ou necessariamente se sentindo muito bem, é a recusa do crescimento.


Sugiro que façamos essa meditação pelo país, em nome do país, sem colocar nossas emoções, nem nossos sentimentos. Nós apenas criamos o espaço e deixamos o espaço proteger. Deixamos o espaço emanar.


Meditação: Dhan Dhan Ram Das Guru


Coloquem nas suas intenções esse escudo de prana sobre o país. Isso é o suficiente para que ele possa encontrar seu destino, honrando seu povo e contribuindo para o progresso da vida humana e de todos os outros seres.


Yogi Bhajan costumava dizer que o teste da nossa espiritualidade é quando não há mais esperança em lugar nenhum, quando tudo caiu, mas permanecemos sendo uma luz, e estamos firmes ali. Este é o momento de servirmos dessa maneira. E servirmos de modo muito neutro. O que estamos vendo no país é um processo muito curioso, mas muito natural, eu diria. É uma consequência de muitas outras coisas. Não deveríamos julgar as pessoas por nenhum tipo de escolha que elas façam, mas precisamos projetar nesse campo um espaço orativo, para que as pessoas possam refletir melhor. Isso é o máximo que podemos fazer. Devemos nos lembrar sempre: um professor de kundalini yoga não é uma alternativa, ele é um altar. Essa coisa do altar é muito séria, digna e importante. O que podemos fazer nesse momento é criar esse espaço, esse escudo prânico para podermos atravessar tempos muito difíceis.


Precisamos colocar um campo orativo. Não acho que esse estado de sítio seja uma ameaça exclusiva com a presença do Bolsonaro no poder. Sinceramente acho que corremos o mesmo risco com Haddad no poder, porque os militares não vão descansar. Não estamos vivendo uma transição fácil, muito pode ser perdido. E nós precisamos, realmente, começar a criar um escudo protetor. Porque, honestamente, pela forma como as coisas se apresentam nesse momento, precisamos da força de um milagre para transitar por esse ambiente mais duro, seja ele qual for. Precisamos de um ambiente de milagre para que essa travessia seja feita dentro de muito equilíbrio. Acredito ser isso o mais importante. Não exatamente o tipo de escolha que o povo vai fazer, mas o tipo de proteção que essa escolha vai precisar.


May the long time sun shine...


[Transcrição: Arjan Jot Kaur]

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