História em quadrinhos sobre os Khalsa
Em novembro, recebemos a visita de Jamal Singh, um quadrinista e historiador em formação, natural de Natal, que veio a Belo Horizonte para lançar a revista "Máquina Zero", no Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ). Jamal Singh participou da coletânea com a HQ "Kaur", que conta a história de Naara Kaur, "uma Khalsa que luta com seu pai, Dijiit Singh, no exército de Banda Singh Bahadur, contra os invasores Mogols*. A história se passa em 1713, durante o fim da campanha de reconquista de Punjab", explica o quadrinista.
"Geralmente os siques são retratados como ajudantes ou como vilões nos quadrinhos do Ocidente. Um sique como protagonista de uma história e mulher, então, nunca vi num quadrinho", afirma. A respeito de suas motivações em escrever a história, Jamal revela que inicialmente havia pensado em um roteiro de ficção científica. No entanto, quando soube que na coletânea haveria uma HQ sobre samurais, ele não teve dúvidas sobre a história gostaria de contar. "Na hora eu pensei: 'Vou fazer uma sobre os Khalsa, pois eles são muito mais legais que os samurais! Eles lutam por toda a humanidade!'". Entusiasmado, Jamal batizou a personagem protagonista com o nome de sua esposa e desenvolveu o roteiro numa noite -- o qual, após aprovação, foi desenhado por Wendell Cavalcanti.
Com excelente recepção durante lançamento no FIQ, os últimos exemplares da revista podem ser adquiridos diretamente com os autores, através do e-mail estudiotot@gmail.com ou através do site do coletivo baiano Quadro a Quadro, em http://quadroaquadro.lojaintegrada.com.br/
["O termo que uso no quadrinho é 'Mogols', explica Jamal. "Os Mogols são descendentes dos mongóis. Seu império tinha como base o atual Afeganistão. Os muçulmanos os consideram muqanafim, pois eles convertiam sob ameaça, o que é proibido por Mohamed"].
Com a palavra, Jamal Singh:
Conheci o Siquismo (como eu prefiro escrever) no fim de 2012. Estava estudando sobre a Índia para um outro quadrinho sobre religiões do mundo. A descrição sobre o siquismo que encontrei era aquele jargão do século XIX, sobre ser um sincretismo entre o islamismo e o hinduísmo. Mas havia um trecho que me deixou completamente incomodado: 'O siquismo ensina que os seres humanos estão separados de Deus devido ao egocentrismo que os caracteriza'. Essa frase ecoou em minha cabeça por muito tempo. Me fez querer pesquisar mais sobre o Siquismo e vi, então, o quanto aquela definição simplista estava errada. O que o Siquismo prega é o que eu acredito: igualdade entre homens e mulheres, independente de classe social, religião ou etnia. Viver uma vida com verdade e amor, sem medo e sem ódio. Que você que é o responsável por seus atos, não podendo culpar a demônios, espíritos obsessores ou qualquer outra desculpa. Que a fé não precisa ser proselitista para ser vivida. Fui pesquisando na internet, baixando os livros que eu podia. Quando encontrei um site com hukamnama diário, eu já estava com a minha barba, já meditava e agradecia a Waheguru. Nunca havia praticado yoga e só depois de um tempo é que ouvi sobre o trabalho de Yogi Bhajan.
Um dos meus motivos em vir a Belo Horizonte, além de participar do FIQ, era conhecer a ABAKY e finalmente conhecer pessoalmente Siques. E todos na ABAKY foram maravilhosos em tirar minhas dúvidas. Saí da ABAKY com meu Japji em inglês, usando turbante e com uma kara na mão. Atualmente mantenho uma página sobre o Siquismo no Facebook (www.facebook.com/Siquismo), na qual escrevo sobre os gurus e traduzo notícias sobre o Siquismo, pois, para a população brasileira em geral, os siques são invisíveis ou confundidos com muçulmanos.
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