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[GSK] Espiritualidade Radical

por Gurusangat Kaur Khalsa


O Kundalini Yoga tem uma história rica e complexa. Cinco mil anos atrás, este sistema fazia parte da rotina de pessoas que habitavam a região do rio Indus, cujo próspero vale abrigava uma sociedade muito desenvolvida e matriarcal.


Ao serem levados para o Tibe, no intuito de preservá-lo dos nômades invasores, denominados arianos e que tomaram o Vale dizimando a sociedade matriarcal, os textos sagrados do Yoga foram acolhidos pelos monges Budistas, recebendo, portanto, grande influência deste Dharma. Isto se faz notar tanto na música como importante pilar do Kundalini Yoga bem como no uso de uma língua que não era o Sânscrito, cujo ensino eram exclusivo àqueles que pertenciam à casta mais alta do hinduísmo, os brâmanes.


Logo que Guru Nanak recolhe este material sagrado no século XV e o traz para a Índia, compartilhando-o com seus alunos, mais uma vez esta tradição se banhará em novas águas, agora nas do Sikh Dharma. A partir daí a base de sustentação do Kundalini Yoga se edifica sobre três pilares próprios dos ensinamentos dos Gurus Sikhs: Sangat (comunidade de irmãos e irmãs em destino); Seva (serviço); Simran (meditação contínua na Luz Divina presente em tudo). Esses três pilares tem o objetivo precípuo de sustentar o ser humano em seu contínuo processo de transformação, em especial, na radical transição da Era de Peixes para a Era de Aquário, que implicaria numa nova maneira de fazer política e em justiça sob todos os ângulos.


Se pensarmos bem, temos em mãos uma riqueza espiritual única que, sob a influência do Sikh Dharma, foi colorida por uma sólida marca: o yoga não deve servir apenas para a elevação espiritual e o aprimoramento de quem o pratica, pois como poderia haver paz interna se há tanto sofrimento e ignorância? Como um ser humano poderia se retirar socialmente e politicamente do seu meio, e ignorar as injustiças e a corrupção que assolam as estruturas sociais e que mantém os cidadãos isolados de suas verdadeiras identidades e potencial, presos em fantasias e arruinados pelo gotejamento constante de suas frustrações e medos?


O valor inestimável do Sikh Dharma para o Kundalini Yoga reside no fato simples de nos tornarmos Professores e dedicarmos nossa vida ao ato compassivo de compartilhar!


“Existem pessoas que vivem a vida fazendo da terra sua segurança. Eles se enclausuram. Eles se sentem inseguros e irrelevantes se não se sentirem seguros. Sua segurança é muito importante, por isso, eles se enclausuram ainda mais. Isto é um tipo de prisão... Atma (alma), Shakti Prana, aprisionada nas costelas humanas, encontra liberdade na respiração. Mas, quando estas pessoas criam seus refúgios de insegurança, suas almas não podem mais experimentar expansão e conexão. Estas pessoas se jogam cada vez mais profundamente, camada por camada, nesta clausura aprisionando suas almas e perdendo, consequentemente, sua sensibilidade para o outro.


Tudo que lhes interessa saber é como manter sua segurança segura. Mas, existem outros tipos de pessoas que vivem suas vidas como missão. Elas vivem a vida para amar tudo. Elas são sorridentes e belas e se estendem a todos...” (Yogi Bhajan)


O valor inestimável do Sikh Dharma para o Kundalini Yoga reside também na concepção radical de como vivemos a espiritualidade:


“Não é o quão espiritual você se tornou, mas o quão espiritual você encara a calamidade. Espiritualidade é quando tudo se foi, e não existe nada mais para garantir segurança e esperança, e você se torna a esperança. Você não se refugia. Isto é espiritualidade” (Yogi Bhajan)


Quanta honra existe nesta Tradição!


Wahe Guru, Sat Nam.

Belo Horizonte, 30 de Janeiro de 2014.

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