[GSK] Desenvolvendo inteligência intuitiva
Aula ministrada por Gurusangat Kaur Khalsa no dia 10 de agosto de 2018
Vocês assistiram o documentário da Netflix “DMT - The Spiritual Molecule”? Ele mostra uma pesquisa sobre a importância da pineal, a glândula responsável pela produção do DMT em certas circunstâncias. Há muitos anos, a pineal aparece nos livros médicos como uma estrutura completamente irrelevante. Isso é quase uma loucura. Não se conhecia nada sobre essa glândula, já que ela praticamente não se manifesta pela circulação sanguínea. É muito difícil para a medicina entender a função da pineal. Foi preciso entrarmos no século XXI para que os casos de ansiedade e depressão aumentassem tanto e então se começasse a compreender o que é a pineal.
Esse é um documentário muito sério, que aborda a pesquisa de um neurologista chamado Strassman. Na primeira década do século 2000, ele decidiu pesquisar fortemente a pineal e encontrou essa molécula, que é chamada de DMT. Deu-lhe o nome de molécula espiritual. As plantas também têm muito dessa substância. Só que temos um sistema de segurança no nosso corpo: há uma enzima no nosso fígado preparada para impedir que o DMT vá para a circulação. Os índios da Amazônia souberam criar um experimento que permitiu a combinação de duas ervas, componentes do ayahuasca, que, ao ser ingerida, não é eliminada pelo fígado. Esses índios usam o ayahuasca ritualmente em determinados momentos.
Mas o que acontece se começarmos a usar o ayahuasca continuamente? Seguramente a nossa pineal pararia de produzir DMT. Ela o produz em grandíssimas quantidades em três circunstâncias: quando nascemos, quando morremos e quando meditamos. Eventualmente também quando dormimos. As experiências de sair do corpo decorrem do DMT. Imaginem uma molécula cuja função é nos fazer transcender. Ela realmente faz abrir o décimo portal, e com isso rompemos as barreiras do corpo físico.
O DMT promove uma expulsão do confinamento. As crianças, quando nascem, têm muito DMT, e acredita-se que esse DMT esteja presente até uns seis meses de idade. Depois, quando morremos, também produzimos muito DMT. Mas, realmente, o melhor é que tenhamos o nosso próprio DMT. Porque se fizermos demasiado uso em vida, não o produziremos quando a hora da morte chegar.
O documentário é muito importante porque mostra exatamente o que acontece na pineal, e mostra também o que queremos produzir no Kundalini Yoga. É tão interessante ver a ciência mapeando o DMT e recordar Yogi Bhajan, no manual do nível II “Mente e Meditação”, descrevendo a nossa identidade sob dois comandos: o da hipófise, que comanda a nossa identidade finita, e o da pineal, que é a comandante da nossa identidade infinita. Um lugar "para-humano".
[GSK abre a aula]
Para os que estiveram presentes na aula da semana passada, que elemento acham que contribuiu para terem feito poses desafiadoras como se não estivessem fazendo nada demais?
O tema do nosso semestre é intuição. Na última aula tratamos do espaço do conhecimento e dos dois corpos que se relacionam com o conhecimento. Existe um espaço do conhecimento que é relativo à nossa identidade finita, o que chamamos de corpo finito. Tratamos de um segundo espaço do conhecimento que se relaciona com a nossa identidade infinita e tem a ver com um segundo corpo. Não tem absolutamente qualquer relação com a forma que aprendemos na escola, porque não usa as mesmas estruturas cerebrais para lidar com aquele espaço. No primeiro espaço, do primeiro corpo, temos a inteligência intelectual. No segundo espaço do conhecimento, o chamado segundo corpo, temos a inteligência intuitiva. Uma inteligência precisa de um processo de aprendizado aculturado, a outra não. É por isso que pode acontecer de pessoas que nunca foram à escola serem bastante intuitivas e usarem bastante aquele segundo espaço. São elementos completamente diferentes.
Quando vamos experimentar algo muito desafiador, se formos com o primeiro corpo, ou com o primeiro espaço da inteligência, estaremos sempre no limite. Isso porque trabalhamos o primeiro espaço do conhecimento com o corpo finito. Em uma linguagem poética, Yogi Bhajan diz que encontramos o finito quando encontramos um desafio. Porque aquilo nos prende. Porque ficamos na barreira, no limite. Estamos em uma determinada pose e aquela pose começa a nos desafiar. Nos desafia ao ponto de nos sentirmos presos. O que gera um chamado muito forte dentro de nós que é o de ficarmos livres daquilo. Essa é uma reação clássica do cérebro mais emocional, mais antigo: tudo aquilo que nos leva para uma zona de desconforto deve ser eliminado. Então, tentamos romper aquele limite da pose que nos aprisionou, ou mesmo na vida, como seja, voltando para a nossa identidade cultural. Nos aprisionamos de novo no finito do conforto.
Yogi Bhajan diz que espiritualidade é quando encontramos o finito com o nosso infinito. Isso que os ajudou na semana passada, em uma determinada pose que se tornou bastante difícil. Vocês ficaram confinados, ou seja, vocês encontraram o finito. Naquele confinamento, vocês deveriam encontrá-lo com o seu infinito. Vocês têm que produzir DMT, algum tipo de substância que os leve a ir além. Não é força do músculo, é força da vontade.
Quando vamos para uma experiência difícil com o segundo corpo, ela se torna muito mais fácil. Ela deixa de ter um peso maior para nós porque a encontramos com outros recursos. Experimentar o segundo corpo, experimentar o conhecimento nesse segundo espaço, requer treino. O mapa do segundo corpo de inteligência é que ele funciona em um espaço que não é “isso é um celular” e “isso é dinheiro”, ou seja, o modo intelectual, aquele que compara, que vê semelhanças, exclui diferenças e cria uma identidade. Esse é o modo clássico como aprendemos. O segundo corpo processa a experiência na intuição. Não sabemos de onde ela vem. Não estamos preocupados em dar nome para aquilo, mas sabemos que está se manifestando em nós. Se está em nós é nosso, é do nosso espaço de conhecimento, portanto. Permitimos. Nós temos tanto a inteligência intelectual como a inteligência intuitiva.
Faremos uma aula hoje para ajustar o cérebro todo. Yogi Bhajan a chama de “Kriya para o cérebro”. Acredito que seja para motivar o nosso cérebro a funcionar de tal maneira que possamos compreender que a intuição é diferente da lógica. Uma das coisas que mais queremos no Kundalini Yoga é funcionar na lógica. Queremos ser capazes de contrapor, analisar, concluir e fazer escolhas. Mas a intuição não é lógica. Não pressupõe esse tipo de análise. Na lógica, vamos atrás de apreender a informação. Na intuição, somos tomados pela inteligência. Não tomamos a informação, somos tomados por ela. Vamos, então, preparar o cérebro para isso.
Kriya: “Kriya para o cérebro”, do manual Expanding Intuition
Meditação: “Meditação para silenciar a mente”, do manual Expanding Intuition
May the long time sun...
[Transcrição: Karamjeet Kaur]
[Edição: Nav Amrit Kaur e HariShabad Kaur Khalsa]
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