[GSK] Da escuridão do túmulo à escuridão do útero
Aula ministrada por Gurusangat Kaur Khalsa em 20 de dezembro de 2019
[GSK abre a aula]
Hoje continuaremos com o tema da limpeza do subconsciente. No final dessa aula Yogi Bhajan diz: “Os humanos são uma luz guia do tempo e do espaço, neste momento. Eles não devem estar confortáveis. O que se espera dos humanos é que eles deem conforto.” Essa frase fornece uma perspectiva.
Yogi Bhajan encaixa essa aula num contexto neurológico e yóguico muito especial. Do ponto de vista neurológico, traz para o lobo frontal nossa relação de servir com luz ao agora. Ao trazer para o lobo frontal, retira das amígdalas, do sistema límbico, todo nosso processamento emocional. Do ponto de vista yóguico, se utilizamos o processamento do lobo frontal para servir ao momento com luz, estamos processando os sentimentos no triângulo superior. Quando, no momento, queremos que alguém nos dê luz e conforto, estamos processando os sentimentos no triângulo inferior. Esse é um mapa, um vichar.
Conhecem a expressão “vítima cósmica”? A vítima cósmica está no agora, tropeçou na verdade, caiu, levantou como se nada tivesse acontecido, e vai tropeçar de novo, cair e continuar como se nada tivesse acontecido. Até quando vamos tropeçar na verdade e andar como se nada tivesse acontecido? No momento em que tomamos para nós essa maturidade emocional, ao tropeçarmos na verdade e cairmos, levantamos, catamos a verdade e continuamos a caminhar. Não queremos deixar que os nossos tombos sejam simplesmente eventos esporádicos, alegóricos, cósmicos. A vítima cósmica tem um charme inacreditável de se safar dos tombos.
Kriya: Removing your Subconscious Blocks – The Kriya, do Manual Rebirthing
Muitas coisas desse ano giraram em torno de morrer. Esse foi o ano do Guru Nanak, que é aquele que tropeçou na verdade e a abraçou, pondo-se muito em dúvida de tudo que tinha feito até então. Ele ficou notório por uma única razão: porque não teve medo de perder toda a sua reputação. Abraçou aquele negócio, entendendo que isso era o que tinha que ser. Essa é a morte literal do ego, daquilo que achamos que é justo ou que veneramos como intocável, como são as nossas matas...
Tivemos um ano de várias mortes simbólicas. Mas uma das coisas mais importantes para morrer junto com o ano é a nossa insolência. Ela impede que louvemos. Quando estamos numa situação difícil e tudo parece muito escuro, é a insolência que faz com que relacionemos aquela escuridão com a escuridão de um túmulo e não com a escuridão de um útero.
Neste Gurdwara e neste Akhand Paath estará no altar do Guru o tema da insolência, das resistências que nos impedem de fluir com o que há. A insolência faz ficarmos na vítima cósmica. Há as vítimas bestiais, essas são patéticas. Mas as piores são as vítimas cósmicas, que são muito elaboradas e sofisticadas. Essas é que podem nos carregar. São encantadoras de serpentes.
Tomemos esse final de ano como a chance de nos rendermos à realidade em que existimos, de honrá-la e de realmente entrarmos no espaço de confiar. Confiar numa lei muito maior que a nossa. A lei divina, essa inteligência cósmica.
Fechamos o ano belamente. Muita coisa maravilhosa também aconteceu e está acontecendo aí fora. Mas nossa psique coletiva deve entender que nem toda constrição, nem toda falta de luminosidade é, necessariamente, o cárcere de uma tumba. Precisamos entender que isso pode ser muito frutífero. Pode ser só uma estação, como o útero, que é uma estação de retransmissão – chega uma alma e ela encarna. Precisamos entender esses tempos.
2020 é o ano do Guru Ram Das, é a mente neutra. Não é que vai ser maravilhoso por isso. Mente neutra é a nossa coragem de dobrar os joelhos, catar o que nos derrubou e dizer: vou levar isso para mim. O milagre está justamente nisso. Existem males que vem para o bem e existem malas que vão para Belém.
Um Feliz Natal para vocês. Que consigam congregar, superar todas as divisões criadas por movimentos internos ridículos e que se assentem em paz e consciência com quem vocês amam, com as pessoas que os trouxeram até aqui. Que façam deste um Natal de amor e reverência.
Ah, se quiserem compreender o que é Raj Yogi nos tempos modernos, assistam ao The Queen no Netflix e o vejam no papel da rainha. Adoro essa rainha Elizabeth, ela é demais. Só meu pai poderia tê-la escrachado... Um dia estávamos juntos na Inglaterra e ouvimos o povo cantando “God save the Queen”. E ele cantou: “God save the King… Kong”.
"May the long time sun shine upon you..."
[Transcrição: Sada Ram Kaur]
[Edição: Nav Amrita Kaur]
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