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[GSK] Arrebentando as paredes do ovo

Aula ministrada por Gurusangat em 6 de setembro de 2019


[GSK abre a aula]


Dizer que “a Kundalini subiu” ou que “a aura aumentou” não é uma linguagem usada no Kundalini Yoga. O Yogi Bhajan dizia que um Deus que não pode ser provado não deveria ser venerado. Os fenômenos têm que ter uma explicação lógica. É preciso haver uma validação da ciência. Pode ser que ainda não existam recursos neurológicos para compreender todos os fenômenos, mas isso não justifica mistificar.


Na semana passada o Dr. Sat Bir apresentou os resultados de suas pesquisas em Harvard na Faculdade de Medicina da UFMG. Nessa palestra ele também enfatizou o burnout e o grau de suicídio em médicos. Quando médicos começam a suicidar, isso quer dizer que o povo está morrendo de uma forma miserável. O que faz médico suicidar é uma total incapacidade de poder ajudar. É não ter como fazer algo, seja porque o sistema de saúde esteja falido, seja por qualquer outro motivo. Há dois anos, quando começamos o Kundalini Yoga na Faculdade de Medicina, houve 17 mortes de residentes por suicídio. Esse é um número altíssimo.


Na minha época, burnout era chamado de estafa. Em Uberlândia o povo dizia: “Fritei.” É literalmente isso o burnout: você está queimado física e mentalmente. Escrever uma tese de doutorado em alemão e fazer curso de formação em Kundalini Yoga foi a minha experiência de burnout. Mas praticando Kundalini Yoga podemos sentir que aquele negócio está chegando e temos recursos para lidar com aquilo. E quem não tem recurso?


Fizemos essa aula que escolhi para hoje há uns dois anos. Agora a faremos dentro do nosso tema, que é a restauração do sagrado. Estamos visitando o triângulo superior. Na semana passada falamos da complexidade que é ter um órgão do triângulo superior infiltrado no triângulo inferior, e vice-versa. Todas as vezes que temos um fenômeno muito importante na vida, ou que temos que dar um salto – por exemplo, uma Escola Miri Piri ou o nosso consultório ou os nossos relacionamentos, passando por uma transição –, ou seja, todas as vezes que um novo elemento entra na rede para nos fazer crescer, ele será cem por cento desafiador. E será identificado pelo nosso sistema neuropsíquico como uma ameaça. Isso é a paranóia, que desorganiza e aprisiona tudo. Ela nos faz sentir presos numa certa situação. Entretanto, na medicina isso é chamado de fator de crescimento.


Se compreendemos esse mecanismo somos capazes de arrebentar as paredes do ovo. Não conheço nenhum pintinho que cresça sem que o bico tenha que se espremer na casca até ela estourar. A sensação é de aprisionamento. Todas as vezes que estamos numa situação que não tem saída, a saída é passar por ela. Mas se permitimos que o triângulo inferior fale muito e comece a introduzir o elemento da paranóia, nos sentimos aprisionados. Aí vem todo aquele legado de intrigas mentais, aquela programação oculta, especialmente do subconsciente: “Ninguém me ajuda”, “Ninguém cuida de mim”, “Estou sem saída”, “Não dou conta”...


Trazemos dos sete primeiros anos de vida aquela intriga que fará com que fujamos ou entremos no modo defesa. É justamente no momento que isso emerge que aplicamos a inteligência. Existem instâncias em nós, seres humanos, que justificam que respondamos ao triângulo inferior de modo imediato, sem realmente confrontar com o triângulo superior. Uma das mais clássicas é a gravidez, em que a mulher pode justificar qualquer sentimento de defesa como algo natural, hormonal, instintivo. “É porque estou grávida.” Lembrem que o neném é gerado e vai ser parido pelo triângulo inferior. E uma das grandes chances que a mulher tem de dar um toque transversal na inteligência criativa é lidar com a gravidez a partir do triângulo superior. É um fator de crescimento importante aprender a aplicar a nossa inteligência superior em cima da nossa inteligência instintiva.


Kriya: Série de exercícios para estados mentais e paranóia, do Manual Kundalini Yoga para juventude e alegria (Kundalini Yoga for Youth and Joy)


Vocês relaxaram com o So Purkh ao fundo, bem baixinho. Quando estamos precisando enfrentar o finito com o infinito, a energia que mais precisamos acionar é a energia masculina. O So Purkh ajuda a mobilizar essa coragem. As mulheres, quando estão com a energia masculina um pouco desregulada, tendem a uma grande imobilidade. O feminino tem um paradoxo: o processo criativo é feminino, mas o óvulo é estacionado. Já o espermatozoide é mobilizado, agitado, tem que caminhar. O paradoxo do masculino é justamente uma grande quietude, um não fazer nada. Entender esses dois processos e em que ponto estamos paralisados é importante quando temos que romper o finito com o infinito. E segurar a loucura da mente positiva, que às vezes rompe no momento errado...


"May the long time sun shine upon you..."


[Transcrição: Sada Ram Kaur]

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