[GSK] A mente neutra em serviço
Aula ministrada por Gurusangat Kaur Khalsa em 26 de maio de 2017.
[GSK abre a aula]
Na semana em que eu não dei aula para vocês [semana do dia 19 de maio], tive a experiência de ir a Brasília, a convite do tribunal para falar para 140 desembargadores e juízes. Eu estava literalmente, como diria meu pai, com meu botãozinho cortando a agulha. Estava na maior udhiana, jhalana, mahabanda... eu pensava assim: "eu sou muito doida, como é que eu aceito isso?" Aí descobri que não aceitei isso por mim, mas por chantagem emocional do povo do tribunal, encabeçada pela Kirn Jot, que falava: “você tem que ir, você tem que ir...” Mas foi uma experiência simplesmente magnífica, porque você poder ver com seus próprios olhos um público completamente diferente, porque aquelas pessoas não conhecem nada do Kundalini Yoga, então viram lá que foi anunciada uma tal de Gurusangat Kaur. Aí, eles: “Guru... o quê?” Tinha obviamente uma estranheza com o meu nome. Depois tinha uma estranheza de saber qual era meu sexo, se eu era mulher, se eu era homem, com este meu nome não dá para saber, ele imaginaram que era um homem, porque era Guru ...qualquer coisa... E eles imaginaram também que iria uma pessoa com aquele tilak na testa, sei lá o que eles imaginaram. E entro eu, triunfal, pelo tribunal... uma mulher... Na hora em que eu entrei, estava todo mundo olhando e pensando: será que é ela? Eu entrei e eles estavam em uma pausa.
Fui falar sobre comunicação não violenta. E já existe em mim uma lavagem intestinal e cerebral sobre esses juízes. Tanto é que minha família, quando me mandava alguma coisa, como o meu sobrinho, falava assim: “Ei, Tita, isso aí, vai lá, põe a cabeça desses caras no lugar...” Quer dizer, existe um inconsciente coletivo inteiro que acha que aquelas pessoas são pessoas do mal, que elas estão gerenciando para o mal, que são equivocadas, no sentido de se acharem superiores, uma casta. E vivem como se fossem uma casta mesmo! Tanto é que no tribunal aqui tem elevador de juiz e elevador de servidor. Uma casta mesmo. E foi muito, mas muito interessante compartilhar com eles os ensinamentos puríssimos, sem fazer nenhum tipo de diluição e, no final, ver que aquelas pessoas são tão sós, são tão isoladas e carregam o peso de uma cultura. Nós, por exemplo, aqui já fizemos o papel de pôr fogo na tal cultura do yoga, nos clichês da cultura do yoga, que é aquela gente hippie, que não trabalha, que se dá ao luxo de ficar meditando, de casar com mulher rica ou marido rico para ter dinheiro e não precisar trabalhar. Nisso nós já pusemos fogo, mas a cultura dessas pessoas ninguém ainda revisitou. Foi a primeira vez que houve uma revisão do que seria aquela cultura, de qual é o papel daquelas pessoas.
No final, tinham aqueles homens barbados, antigos, fazendo pergunta como adolescentes. Eles realmente estavam querendo saber de mim como eles podem cumprir o seu papel de juiz. Era uma coisa inacreditável. E mais no final um deles levantou a mão e falou: “você foi muito corajosa de ter vindo aqui.” Eu falei: "não, eu não". “Quem foi corajoso de estar aqui são vossas excelências porque é realmente um confronto de mundos, de perspectivas. Mas o que eu aprendi e queria compartilhar com vocês é que nós, professores de Kundalini Yoga, não fazemos filtros ao servir, e quando você serve nesse lugar, é a alma que comunica. Existe uma carência de pessoas que fazem sentido.” Eu ouvi perguntas que eu as devolvia do jeito que devolvo para vocês: “Não, absolutamente, não! Não é assim!” Então, vocês precisam se preparar. Tem de existir uma cultura do yoga que não seja uma cultura do pasquim, do chavão, para vocês se prepararem e poderem servir nesses lugares todos. Eu tenho mil histórias para contar, mas eu não vou me ater a ela agora porque é muita coisa, mas eu queria dizer que o ser humano é o ser humano em qualquer instância, inclusive, aqueles que a gente mais condena e critica são seres humanos, estão enquadrados numa cultura, estão enquadrados numa frequência. Essas frequências quando são muito rígidas não se dissolvem e outras ficam condensadas, então é um sistema de ideias, é uma ideologia que não muda. E espero que minha passagem pelo tribunal... como eu recebi aqui uma mensagem do presidente, dizendo que eles jamais serão os mesmos. Não estou falando isso por causa de mim. Mas são os ensinamentos, é a maneira como a gente compartilhar esses ensinamentos, sem a menor diluição. Então me ensinou demais a compreender ainda num aspecto mais profundo: a mente neutra em serviço.
Teve um juiz que fez fez uma pergunta e só o enunciado dela durou três minutos. E era um pergunta que eu tinha certeza que não tinha a resposta. Eu ficava pensado o que a Kirn Jot ia falar, e ficava pensando o que os meus alunos iam fazer. Eu tinha absoluta certeza de que aquele negócio não tinha resposta, hiper complicada! Quando ele terminou, perguntei: “o senhor acabou?” Ele falou: “acabei.” Eu falei: “Mas o senhor me fez uma pergunta tão simples, que eu não tenho nem como dar a reposta, porque a minha resposta vai complicar demais a sua pergunta.” E foi eu falar isso, eles caíram numa risada e a resposta me veio. Foi fantástico, foi muito especial.
Em Lima, as pessoas de Lima que não conhecem vocês, só conhecem vocês de nome, chamam a Sangat de Belo Horizonte de Enterprise, a nave-mãe. Não sabem onde ela está, está por ali no espaço sideral. Porque todo mundo quer conhecer a Enterprise, muitos deles veem ao Tantra, para conhecer e estar com vocês. Vamos abrir nossas casas, conhecer essas pessoas e colocá-las na nossa Enterprise. Então, gente, na hora de servir, é para servir sem medo e falar antes com a Kirn Jot, porque ela vai falar com você: “tem que ir, tem que ir”. Aí você vai!!
Kriya: Kundalini Set, do manual Sexuality and Spirituality
Nós vamos fazer uma meditação hoje muito importante , dessas muito suave e que podem fazer uma grande diferença. Ela é para o Shushumana, para o sistema nervoso central, essa grande avenida do prana que alimenta a mente neutra.
Meditation for The Central Nervous System, do manual Sexuality and Spirituality
Inspire, expire e escute, com os olhos fechados, o Yogi Bhajan de hoje: "em qualquer forma ou projeção, se você puder elevar a consciência de uma pessoa, o seu espirito, o seu ser, o seu ambiente, a sua vida, então isso é seva. Se vocês estão aqui para servir, sirvam, se estão aqui para elevar, para doar bênçãos, para dar esperanças e ação, para dar o profundo amor da sua alma a todos aqueles que necessitam".
O Yogi Bhajan de hoje é exatamente como a gente começou, não é? Como não existe coincidência, então ele veio para gente.
May the long time sun shine upon you...
[Transcrição: Sada Ram Kaur]
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